Estudo das Formas e Estruturas de Povoamento |
Equacionar uma estratégia de gestão urbanística implica a compreensão da cidade a partir das suas estruturas existentes, o que remete para uma leitura morfológica dos sistemas urbanos e para a identificação dos princípios tipo-morfológicos que lhes deram origem. Esta análise permite, ainda, estabelecer critérios de regulação de ocupação do uso do solo e da capacidade edificatória, que fundamentem uma gestão urbanística específica e operacional. Este estudo apoia-se na sistematização das características de cada espaço urbano, no que respeita à relação morfológica entre o edificado e o espaço público, determinando as unidades morfo-tipológicas, o que permite compreender os processos de formação da cidade, as formas como ela foi projectada e as lógicas subjacentes aos distintos tecidos que a definem. Na intervenção urbanística e arquitectónica é importante definir um processo de análise e reconhecimento da cidade como ponto de partida da abordagem. Estabelecida uma estratégia global, apoiada no respeito pelas linhas orientadoras, registam-se as componentes físicas e morfológicas: o edificado, as acessibilidades, o espaço de uso público e o património. A interpretação das diferentes componentes no contexto da malha urbana existente, dos eixos e espaços principais é fundamental para a aferição dos objectivos e definição do programa base da intervenção. As formas de povoamento estão, inevitavelmente, relacionadas com os diferentes factores que, ao longo da história de cada lugar, condicionaram o desenvolvimento urbano. Há, portanto, uma dialéctica homem – natureza ( natural / construído ) que, interagindo ao longo do tempo, é essencial à nossa presente identidade e, como tal, importa valorizar. A percepção desta relação ganha maior importância quando confrontada com o actual contexto de planeamento do território, onde o factor tempo e incerteza são inerentes, impondo cada vez mais a percepção ( interpretação ) e salvaguarda daqueles que são os valores imutáveis, decorrentes da memória e cultura colectivas. Assim, a sistematização das formas de crescimento, através da detecção das várias fases de formação e evolução da ocupação, é importante para uma correcta apreensão das tendências de transformação. Além disso, possibilita o reconhecimento das características de cada tipo de ocupação, através da identificação das invariáveis e permanências do processo de transformação a que foram sujeitas. Numa primeira fase, identificou-se a rede viária e os espaços públicos através da delimitação e descrição da sua forma. Seguidamente, caracterizou-se a malha em função do tipo de relação estabelecida entre o edificado e o espaço público, identificaram-se as diferentes áreas “homogéneas”, o que permitiu reconhecer os tecidos urbanos existentes e perceber a sua evolução. Os factores de mudança, de que são exemplo a introdução de espaços equipamentais, factores de produção e o surgimento de novas acessibilidades promovem diferentes formas de interacção e exigências mútuas de adaptação, não só nas vivências humanas, mas também nas “formas” de povoamento que, de uma condição marcadamente rural, se vão transformando, progressivamente, numa condição urbana. |